quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O desafio São João de Brito (2 e 3) - Passeios e Estacionamento

“A política não vive e morre na macroecomia, não se faz apenas nos pólos
de decisão nacional e é muitas vezes na sua base, repito as autarquias, que mais
vezes consegue tocar o cidadão comum, aproximá-lo da política e conseguir a sua
participação genuína na gestão da coisa pública.”

No último número desta publicação comecei uma saga, não sei se interminável mas presumo que útil – não por ter lançado algum tema para discussão, que não lancei, não por ter dito algo de inovador, que não disse, mas por ter lembrado aos militantes do PS que é preciso estarmos atentos aos nossos bairros, sentir o pulso às Juntas de Freguesia, apontar erros e traçar um caminho.

Pretendo agora começar a reflectir o bairro onde vivo, como também o fiz e ainda o faço em relação à terra onde nasci, sempre ciente de que o poder autárquico deve e tem que ser a base do sistema democrático, da representatividade popular e da participação cívica. A política não vive e morre na macroecomia, não se faz apenas nos pólos de decisão nacional e é muitas vezes na sua base, repito as autarquias, que mais vezes consegue tocar o cidadão comum, aproximá-lo da política e conseguir a sua participação genuína na gestão da coisa pública.

Quando comecei a escrever este texto pensei em fazer uma exaustiva exposição demográfica de São João de Brito, pensei até em fazer um retrato histórico desta zona da cidade, ou talvez analisar os resultados eleitorais nos últimos anos – tudo isto me pareceu, pelo menos para já, desnecessário e qui ça desinteressante. Resolvi então escolher um primeiro tema, que para muitos vai parecer banal, mas que possívelmente vai tocar melhor que ninguém as pessoas que aqui vivem.

Escrevo então sobre os passeios, essas imundas vias pedonais que ilustram bem o laissez-faire no que toca a políticas de higiéne e ambiente por parte da nossa Junta de Freguesia – podem dizer-me que o cuidado e limpeza dos mesmos é da responsabilidade da Câmara Munícipal, o que em parte é verdade, mas também não se podem esquecer que pouco ou nenhum esforço tem sido feito para minorar esta situação.

Na verdade o estado dos passeios é lastimável: completamente esburacados, com canteiros mal arranjados, com carros mal estacionados que impossibilitam a passagem de pessoas com dificuldades motoras, sem baldes do lixo e inundados de dejetos caninos por toda a parte. Pode e deve ser ponto de honra do Partido Socialista denunciar esta situação e apresentar alternativas para a mesma.

É urgente apresentar um plano de melhoramento dos passeios de São João de Brito, que tem que passar pela colocação de pinos metálicos que impossibilitem o estacionamento indevido nos passeios, seguido de um plano de renovação do piso dos mesmos, posteriormente têm que ser colocadas vedações em todos os canteiros da freguesia que impossibilitem a passagem de animais domésticos, podendo assim a Junta investir em canteiros que ajudem a dar uma nova cara a este bairro, devem ser colocados baldes do lixo em todos os cantos, equipados com cinzeiros e dispensadores de sacos de plástico para que os donos possam remover da via pública os dejetos dos seus animais e por fim deve ser contratado um serviço de “motocão”, que consiste numa mota equipada com um aspirador que remove os dejetos caninos, limpa e desinfecta os passeios, evitando todos os perigos que os mesmos acarretam para a saúde pública e que já existe em autarquias como Beja – todas estas medidas podem parecer utópicas, mas são perfeitamente exequíveis.

Posteriormente a estas medidas imediatas é necessário criar mais canteiros e tratar das árvores que ainda restam na nossa freguesia, estudar sítios para a implementação de pequenos parques infantis, que tragam os pais e as crianças para a rua, dando uma nova vitalidade a São João de Brito. Claro que toda estas medidas acarretam outros problemas, na minha modesta opinião de importancia reduzida, há excepção de um: o estacionamento.

É óbvio que as pessoas estacionam os veículos em cima do passeio, na maior parte das vezes, não por falta de cívismo, mas por que efectivamente têm essa necessidade, devido ao facto da nossa Freguesia ter poucos edíficios que têm garagem própria. Claro que isto não legítima de forma alguma o estacionamento nos passeios, mas têm que ser arranjadas alternativas.

Data de 2004 um projecto da Câmara Municipal de Lisboa, então presidida por Pedro Santana Lopes, para a construção, com parceria privada, de um parque de estacionamento subterrâneo na Av. da Igreja, que contou desde do primeiro momento com a oposição dos comerciantes, movimentos de moradores e partidos políticos da oposição, entre os quais o próprio Partido Socialista. Este mesmo projecto, que Santana Lopes veio a 4 de Maio desse mesmo ano a abandonar em Assembleia Municipal, ao que parece contava com um parecer positivo da Junta de Freguesia já na data PSD, as palavras são do agora presidente da bancada parlamentar laranja na Assembleia da República: "Este projecto não é meu, votei-o porque tinha parecer positivo da Junta de Freguesia ( de São João de Brito)" (Jornal A Capital, 5 de Maio de 2004*).

Neste mesmo dia podia ler-se no Jornal de Notícias: “As sugestões dos moradores passam pela construção de um parque de estacionamento no Mercado de Alvalade Norte, na Avenida Rio de Janeiro (entre o Inatel e a Avenida da Igreja), e por dois outros parques há muito defendidos por associações de moradores, que os querem promover no Largo Frei Heitor Pinto e no Largo José Duro."* – como é óbvio não sei responder se estes são os melhores espaços, mas sei que a Junta de Freguesia deve desenvolver esfoços junto da Câmara Municipal para que se voltem a debater os problemas de estacionamento nesta zona e essa também é uma missão do Partido Socialista, que deve desde já começar a estudar estas e outras localizações.

Só acabando com o problema do estacionamento em cima dos passeios é que conseguiremos restituir dignidade aos mesmos, devendo ser esta uma das primeiras prioridadades do Partido Socialista para esta Freguesia.

*Dados retirados do site: campogrande.do.sapo.pt

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