quarta-feira, 16 de maio de 2007

Uma breve análise às candidaturas que se discutem para Lisboa:

António Costa – Sem dúvida o melhor candidato possível à CML, não só na área política do centro-esquerda, como em todas as outras. É um político que já deu provas de competência e a quem ninguém pode apontar o dedo. Abandonou o MAI para abraçar o desafio de líderar uma autarquia que o PSD individou, onde este partido tem mais de trinta juntas de freguesia e a maiora na Assembleia Municipal. Poucos fariam o mesmo. Mostrou com esta atitude porque é especial e diferente de todos os outros, que tantas vezes viraram a cara ao partido e ao país. Para além de todas as vantagens óbvias deste candidato, é preciso lembrar que o mesmo consegue unir todo o partido, prova disso mesmo é o apoio já declarado por Ana Sara Brito, ex-directora de campanha de Manuel Alegre e fundadora do MIC.

Carmona Rodrigues – Esta candidatura, a ser verdadeira, é apenas o espelho do estado a que a nossa democracia chegou. Admito que este independente social-democrata, até possa estar inocente de todas as acusações que lhe são imputáveis. Agora o que não consigo compreender, é como alguém pode deixar a CML no estado em que deixou e no fim ainda querer reclamar legitimidade democrática para ser reeleito presidente do município. Não sei se o Eng. Carmona por ventura conseguirá recolher as 4000 assinaturas, mas se conseguir não tem uma tarefa muito fácil pela frente. A única coisa que o salva é mediocridade do candidato apoiado pelo PSD, sem dúvida uma má décima quinta opção. Mal por mal o Ferreira do Amaral.

Fernando Negrão – Como já referi em cima, é uma péssima escolha do líder do PSD. É uma pessoa pouco mediática, práticamente sem experiência autárquica, com pouco ou nenhum perfil político e com quem os lisboetas não se identificam. Os sociais-democratas ainda não perceberam que a CML precisa de um político, que nos próximos dois anos consiga limpar a casa e acabar de uma vez por todas com este regime de ingovernabilidade na maior autarquia do país. Havendo candidatura independente de Carmona, FN arrisca-se a um terceiro lugar no pódio.

José Sá Fernandes – Alterou a sua postura, quando hoje veio apelar à união da esquerda numa coligação pré-eleitoral. Infelizmente os partidos nunca conseguiriam chegar a um entendimento em tão curto prazo, como o restante até à entrega de listas. A questão que se coloca aqui, é que muita da ingovernabilidade que se gerou na CML, foi provocada pelo vereador do BE. Isto pode ter efeitos positivos, como negativos. De qualquer forma, o prejuízo que o município teve devido ao encerramento temporário do túnel do Marquês vai-lhe ser sempre imputado durante esta campanha.

Ruben de Carvalho – Ainda não consegui compreender qual foi o trabalho de oposição que este senhor fez enquanto vereador na CML. A CDU passou um pouco indiferente a toda esta polémica e deve manter os mesmo votos das últimas eleições. A explicação eleitoral é muito simples: os votos no PCP são actualizados ao ritmo da taxa de mortalidade. Aqui estão as desvantagens de uma tão alta esperança média de vida.

Helena Roseta – Não tenho qualquer receio de críticar uma pessoa que nunca admirei. Esta senhora não está no meu “campo político” e já não pertence, felizmente, ao mesmo partido que eu. O que ela representa na esquerda portuguesa, é pura e simplesmente o sectarismo a que um dia Lenin apelidou como “esquerdismo”, segundo ele a “doença primária do comunismo”. O que seria um bom resultado para a Helena Roseta? Qualquer coisa que prejudique o PS. Talvez entregar novamente a CML à direita. Tenho por hábito discutir política com base em ideias, espero então para ver qual a visão que a arquitecta tem para Lisboa.

Manuel Monteiro – Acho que é um bom candidato à CML por parte da direita, certamente muito melhor que Fernando Negrão e que muitos outros nomes que têm sido falados para o CDS/PP. Esta vai ser a prova de fogo para a Nova Democracia, que já se apresenta melhor organizada e que se encontra entusiasmada com a eleição do seu primeiro deputado, na Madeira. Dentro dos possíveis nomes do PND Manuel Monteiro é o melhor, juntamente com Jorge Ferreira, para assumir esta responsabilidade. O problema é que Manuel Monteiro já se encontra um pouco desgastado, por anos e anos de política activa, vamos lá ver como é que lhe corre Lisboa.

Pinto Coelho – É o derraderio teste da extrema-direita em Lisboa, a cidade com maior nível de criminalidade e de imigrantes do país e onde o PNR tem tido mais iniciativas, manifestações e polémicas. Em momento algum o PNR conseguirá eleger um vereador na capital.
Aguardo até saber quem é o candidato do CDS/PP.

Vai sair amanhã para a rua

domingo, 13 de maio de 2007

Uma quase salva de palmas para o José António Saraiva:

"Os portugueses andam nervosos. Alguém percebe a excitação que se apossou de muita gente em consequência da nomeação de Pina Moura para presidente da empresa proprietária da TVI ?Entendamo-nos: a Media Capital é um grupo privado, que escolhe quem quiser para a presidência.A responsabilidade dessa escolha pertence por inteiro aos accionistas – pela simples razão de que as consequências (positivas ou negativas) que daí resultem serão sempre os accionistas a suportá-las.Assim, os protestos de Marques Mendes, as críticas de Paulo Portas ou os apelos à intervenção da ERC não têm qualquer razão de ser.É preciso perceber que o verdadeiro escrutínio dos media é feito não pelos políticos, pelos comentadores ou pelas autoridades, mas pelas audiências.As pessoas vêem este ou aquele canal de TV, ouvem esta ou aquela estação de rádio, compram este ou aquele jornal, de acordo com as suas preferências.Se não gostam, não vêem, não ouvem ou não compram. "
Todo o resto do artigo faz-me confusão. Primeiro diz que a decisão é apenas da Média Capital, depois diverte-se a dar pancada no gestor. Curiosamente uma hora depois, faz um post sobre o cíume. Estranhas coincidências.

Parece que vai haver muita gente a ter que se despedir do emprego por causa das eleições na CML. Não pensem que estou a falar dos actuais vereadores, chefes de gabinete e mais de 100 assessores. Falo de António Costa, que pelos vistos sairá do M.A.I. e de Fernando Seara que ao que parece sairá dá liderança do município de Sintra.
Fora de gozo, estou a gostar dos nomes que estão a ser discutidos para as candidaturas à CML e a minha aposta vai para os seguintes:
Partido Socialista - António Costa
PPD/PSD - Fernando Seara
CDS/PP - Telmo Correia ?! Mas gostava de ver o João Almeida
PCP - Coligação?! Ou novamente o Ruben de Carvalho
BE - José Sá Fernandes
Nova Democracia - Manuel Monteiro (é certo...)
PNR - Pinto Coelho (foi o primeiro colocar os cartazes...)

Para quem estiver interessado nos resultados da Associação Académica da Universidade de Lisboa. (Site da Lista Leges)

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Só hoje consegui ler atentamente os relatos do que se passou na manifestação anarquista do 25 de Abril. Tenho que confessar que fiquei chocado com a atitude da polícia, que a ser verdade tem que se retratar e têm que ser abertos inquéritos. É intolerável que a mesma polícia, que horas antes guardava o cartaz do PNR, agrida manifestantes. No entanto, a havendo tumultos é certo que as forças da autoridade tinham que intervir, a questão aqui é que existe uma dose exacta de intervenção e esta não me pareceu a indicada. Ficam aqui alguns dados relatados pela associação Républica e Laicidade.


Depois de uma prolongada ausência, devidamente justificada com a campanha para o Conselho-Geral fundador da AAUL, estou de volta. Voltei antes mesmo das eleições, só para comentar o resultado eleitoral das eleições regionais na Madeira. Mais uma vitória de Alberto João Jardim, desta vez maior do que é costume, e mais uma derrota da democracia. No fundo, o normal lá na ilha.

Os resultados foram os seguintes:

Alberto João Jardim reforçou a sua maioria absoluta e a sua birra vençou. Os Madeirenses voltaram a eleger o senhor que recentemente, em pleno período de campanha eleitoral, inaugurou 200 metros de estrada, para pagar um favor à senhora que tomou conta dos seus filhos. Que dizer? No mínimo genial. Estaram agora todos os eleitores do PSD-M a pensar que o governo do continente alterará a Lei das Finanças Regionais, mas não. A resposta do PS e do seu governo é: nem pensar.

De que valeu então todo este fogo de artifício na Madeira? De nada. Temos agora menos oposição e um PS muito mais enfraquecido, a Lei das Finanças Regionais contiuará na mesma e gastamos todos mais uns milhões de euros numas eleições, que mais não são do que uma birra do Dr. Alberto João Jardim. Birra ou talvez não - ou será que com isto o presidente do GRM queria tentar ficar mais 2 anos no poder, do que era previsto, com a nova lei da limitação dos mandatos?

Quanto à oposição, está tudo na lama. O PS continua sem conseguir denunciar os tiques de autoritarismo do regime madeirense e viu o seu grupo parlamentar substancialmente reduzido, no meio disto também a JS perdeu o seu lugar parlamentar. O Bloco de Esquerda começa a perceber que a mudança de UDP para BE não resulta na Madeira, tendo perdido um assento parlamentar e ficado apenas com um deputado na ALR. O PCP e o PP mantiveram o número de deputados e conseguiram um resultado aceitável.

Continuando na oposição, vamos então às surpresas da noite. A primeira surpresa, não muito surpresa, é a eleição de um deputado pelo MPT. Candidatura esta que resultou de uma cisão no PS-Madeira e que como tal, não torna este resultado assim tão surpreendente. A força política que me deixou verdadeiramente surpreso, foi o partido Nova Democracia que, concorrendo pela primeira vez à ALR, elegeu Baltasar Aguiar. Esta campanha foi verdadeiramente inovadora e recorrendo ao humor e a uns modestos 10 mil euros de fundos, trouxe uma lufada de ar fresco ao cinzentismo da oposição no arquipélago. Com a abertura do CDS de Paulo Portas ao centro e com vazio político que é deixado na direita, parece-me que esta é apenas a primeira vitória do partido liderado por Manuel Monteiro.