domingo, 25 de fevereiro de 2007

Ontem fui ao Teatro da Trindade, em família, ver o Macbeth do Shaskespeare, com adaptação de Fernando Villas-Boas e encenação de Bruno Bravo. Não conhecia a obra mas gostei muito. É a prova evidente que a ambição em demasia forma tiranos. Vejamos o que se passa na Madeira...

Uma palavrinha sobre os óscares: horas antes da entrega dos prémios, cheira-me que o Babel ganhará o melhor filme.

O hobbie preferido dos autarcas é organizarem levantamentos populares contra o encerramento de urgências e maternidades. Já que se juntaram todos para criticar a Lei das Finanças Locais, porque é que agora não se voltam a unir e apresentam ao governo uma alternativa credível ao actual mapa de encerramento de espaços hospitalares?

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Já dei a minha habitual volta pelos semanários. Ontem foi a Focus, hoje o Sol e o Expresso. A Actual e a Visão guardo para a tarde de amanhã. De tudo o que li, vai uma nota muito positiva para a capa do Expresso, que vem desmisficar a situação na Madeira. Segundo nos é descrito neste semanário de referência, a nova Lei das Finanças Regionais vem diminuir apenas em 2% as verbas orçamentais da região autónoma.
Perante isto é fácil chegar a uma conclusão: o objectivo do Dr. Alberto é protestar contra a lei de limitação de mandatos e não contra a nova lei das finanças regionais. Mas se esta situação é triste para a democracia portuguesa, ainda mais triste é a figura do PSD nacional no meio desta trapalhada toda. Mas o que seria da política portuguesa sem esta malta para a animar? A existência de políticos como Adelino Ferreira Torres, Valentim Loureiro, Fontão de Carvalho, Carmona Rodrigues e as meias amarelas do Narana Coissoiró explicam porque somos um dos povos mais pobres e ao mesmo tempo mais felizes da Europa.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

O PS e José Sócrates continuam imparáveis nos indíces de popularidade sendo que, segundo o barómetro da TSF, se fossem hoje as eleições legislativas o PS teria 47% e veria a sua maioria ainda mais reforçada. Com a vitória no referendo, a trapalhada do PSD na Câmara de Lisboa, a vergonha da demissão de Jardim na Madeira e o silêncio de Marques Mendes, não seria de esperar outra coisa. Isto para não falarmos do CDS, onde Ribeiro e Castro parece ter motivos para temer pelo já muito anunciado regresso de Portas.

Mais à esquerda vemos um PCP preso ao passado e um BE que vai perdendo a garra de outros tempos. Onde andam agora João Nabais, Joana Amaral Dias, Boaventura Sousa Franco e muitos outros “moderados” que tanto contribuiram para o que a imagem do Bloco tem de bom?

Como é bom passar uma sexta-feira à tarde em Belém, ainda por cima bem acompanhado. Foi bom tomar café a ver o rio, depois de ter visitado uma feira do livro com preços mais baratos que tabaco. Depois lá do cimo do CCB, confrontar a minha tranquilidade com as centenas de carros que atravessavam a ponte.

Depois chegaram os amigos e fomos ver a exposição de fotografia do BES. Deixou um pouco a desejar na dimensão e a correria em que a visitamos também não ajudou. Mas nota muito positiva para a parte dedicada ao português Vítor Araújo e à sua série dedicada aos comboios.

Lembro-me também que o Zeca Afonso faleceu faz hoje 20 anos. Admiro o homem que afirmava que, mesmo tendo em conta o dia do nascimento do seu filho, o dia mais feliz da sua vida foi o 25 de Abril e o mais triste, mesmo tendo em conta o dia da morte do seu pai, o fim da revolução. Ainda ontem via na RTP a retransmissão do seu último concerto no Coliseu dos Recreios e via-o falar do seu “nunca negado PREC”.

Gosto que a direita admire o Zeca Afonso e também acho que a sua memória não é propriedade de ninguém. Só não concordo é que ninguém, muito menos a direita que ele sempre combateu antes e depois do 25 de Abril, tente fazer uma colagem à sua imagem. Foi um grande homem é um facto, foi um grande cantor, mas foi também um político à sua maneira. Picasso usou a arte, Ary dos Santos a literatura, Che Guevara a espingarda e Zeca a voz e a guitarra para lutarem contra uma direita que hoje falsamente o tende a lisongear.

O Zeca morreu e quatro dias depois eu nasci. Não tenho nem o engenho, nem a arte do cantor da revolução. Mas a sua música continuará a ecoar das colunas da minha aperelhagem e a fazer-me resistir a cada avanço da direita. Obrigado por 20 anos depois ainda me fazeres sentir o que é ser de esquerda.

A política portuguesa anda mesmo lastimável, visto isto resta-me ir falando um pouco de cultura. Hoje finalmente assisti ao Moby Dick, no S. Luiz e gostei. Em primeiro lugar é preciso destacar o papel da Maria Rueff e o preço dos bilhetes, bastante apelativo, para os menores de 30 anos (5euros).
De qualquer forma gostaria de lembrar ainda, a maneira como a peça está organizada e a abordagem que é feita à história do marinheiro, que navega desesperadamente em busca da baleia que lhe roubou a perna e também a alma. Para esta missão doentia é arrastada toda uma tripulação, de onde acaba por sobreviver apenas um marinheiro. Em suma, o texto dá que pensar e é facilmente transportado para o quotidiano do homem moderno.
Para a semana lá vou, a algum medo, experimentar um musical à moda do Politeama. Espero gostar da Música no Coração do La Féria. Facto favorável ao sucesso da experiência, é já à partida poder contar com a certeza de uma excelente companhia.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Este fim-de-semana tive a oportunidade de ir ao teatro, mais uma vez muito bem acompanhado, ver o “Pequenos crimes conjugais” que está em cena no D. Maria II até ao dia 1 de Abril. Esta peça é a estreia no teatro do realizador José Fonseca e Costa e aborda a temática do desgate conjugal ao fim de 15 anos de casamento.

Gostei do que vi e aconselho vivamente. Preparo-me agora para ir ver o Moby Dick do Herman Melville, encenado pelo António Pires no Teatro Municipal S. Luiz. Aguardo ansiosamente enquanto vou acabando o “Dubliners” do James Joyce ao som do Fulson Prison de Johny Cash.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Sinceramente já não consigo compreender o que se passa na CML. Não percebo como o PSD continua a suportar esta situação e o porquê da oposição não se demitir em bloco da vereação e provocar eleições antecipadas quer para o executivo, quer para a Assembleia Municipal.

Caso similar a este acho que só existe um, que é nem mais nem menos que o do governo PPD/CDS no tempo de Santana Lopes. Temos como pontos comuns as trapalhadas, as divisões, os escandalos e a falta de legitimidade democrática. Não acredito que nenhum lisboeta olhe com crediblidade para este executivo e pior que isso, já ninguém consegue deixar de reparar que a autarquia parou nos últimos tempos.

No meio de toda esta trapalhada, que repito não conseguir compreender, ainda existe algum bom senso. Nomeadamente por parte do Rui Paulo Figueiredo (vereador da CML eleito pelo PS), que insiste na necessidade de eleições antecipadas. A juntar a isto temos a posição oficial da concelhia da JS que vai no mesmo sentido.

Neste momento o Secretariado Nacional da JS, está a reunir em Aveiro, para discutir o já concluído ante-projecto de lei que permitirá legalizar o casamento civíl entre pessoas do mesmo sexo e que exclui o direito de adopção por casais homosexuais. Estamos certos que a JS vai batalhar até ao último instante pela defesa do que o Pedro Nuno já definiu como “direito fundamental”. Resta saber se o Partido Socialista está ou não receptivo à discussão deste tema, embora se saiba de ante-mão que tanto o Bloco, como o PCP e o “Os Verdes” têm opinião similar à nossa nesta matéria.

Estou contente por ver este Secretariado Nacional a cumprir o programa ao qual se apresentou a congresso e espero sinceramente que a JS consiga esta grande vitória política e que os deputados socialistas se associem a nós na efectivização dos direitos dos homossexuais.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

O Sr. Presidente do Governo Regional da Madeira desta vez excedeu-se. Todas as pessoas já estão habituadas ao ser ar de labrego mal formado e às suas intervenções descabidas, típicas de um estadista terceiro mundista. E isso até é suportável, quanto mais não seja pelo seu elevado teor cómico. Agora, o que não é admissível, é o mesmo vir acusar os portugueses de “não terem testículos para dizerem que o referendo à IVG não é vinculativo” e mais grave ainda, ameaçar que irá combater junto do TC para que a nova lei não seja aplicada na república, perdoem-me, arquipélago das bananas.

Sinceramento acho que começo a perceber porque é que este senhor se mantem no poder. Não é por haver défice democrático na região autónoma, mas antes pelo contrário é por haver uma democracia saloia, governada por um líder popularocho que tem por hábito cuspir na mão que lhe dá de comer, entenda-se governo central cá do continente. Imaginem agora que esta mão o deixava de alimentar?

Começa hoje a ser discutida, na Assembleia da República, a nova lei relativa à Interrupção Voluntária da Gravidez. Parece que os grupos parlamentares do PCP, do BE e do PEV vão mesmo apresentar uma proposta para haver o prometido período de aconselhamento.

No meio disto tudo só não percebo a opinião do Professor Cavaco Silva e muito menos as suas intervenções disparatadas. Em primeiro lugar não percebo quando o mesmo nos fala em “arranjar um meio termo” para esta nova lei. Caro Professor, os portugueses foram bem explícitos no dia 11: querem uma nova lei que permita a IVG por opção da mulher, até às 10 semanas e em estabelecimentos de saúde autorizados. Não há, nem tem de haver, qualquer meio termo.

Fiquei ainda perplexo com as mais recentes declarações do Presidente da República sobre o assunto, onde nos diz ser necessário atender às “boas práticas europeias”, para se elaborar a nova lei. Então se as leis dos outros países europeus (que não o Chipre nem a Irlanda), relativas ao Aborto, são consideradas “boas práticas” porque é que o Sr. Professor fez campanha pelo Não no referendo de 1998?

No passado dia 9 tive a oportunidade de ir, com uma magnífica companhia, à estreia absoluta do Callas no Teatro Camões. Mais uma vez o Lisboa Ballet Contemporâneo e o seu director artístico Benvindo Fonseca, nos surpreenderam com um espectáculo repeleto de movimento e majestosidade.

Um apontamento muito triste para as más condições financeiras desta companhia, que em 2 anos de existência já conta com um reportório de 12 bailados. É triste viver num país que não olha para a cultura como uma prioridade e onde os estádios de futebol abarrotam com bilhetes a 50€, enquanto as salas de espectáculo continuam vazias com bilhetes a 5€.

Por mero acaso, o primeiro texto que escrevo neste espaço é sobre política autárquica, nomeadamente Lisboa. Sei que não sou natural da cidade de onde hoje escrevo, sei também que habito neste bairro de Alvalade há pouco mais de um ano e meio, e que mal conheço a realidade do concelho e tão pouco da autarquia.

Sempre fui defensor de que a política autárquica varia bastante conforme as situações e que as abordagens ditas externas são sempre perigosas. Mas não consigo deixar de reparar que a Câmara Municipal de Lisboa vive dias agitados, ou talvez, miseráveis. Não consigo compreender como é que o Dr. Carmona Rodrigues continua a suportar um executivo onde abundam escandalos judiciais, dos mais graves que a democracia já conheceu no Município de Lisboa.

Contudo hoje conhecemos um novo dado: o Sr. Vice-Presidente Fontão de Carvalho foi constituído arguído, acusado de co-autoria do crime de peculato no âmbito do caso “prémios para administradores da EPUL”. Perante isto o que fazer? Só há uma solução e é óbvia: Dr. Carmona Rodrigues por favor demita-se.