terça-feira, 18 de setembro de 2007

Os extremismos

Ontem antes de dormir decidi ler um bocadinho do "O prazer da política", uma série de entrevistas a Daniel Cohn-Bendit. Existe uma parte onde o agora ecologista é questionado sobre a ascensão da extrema-direita em França e também na Alemanha. Inteligentemente Dany segue o melhor dos raciocínios políticos: integrar os partidos extremistas no sistema político é a melhor forma dos calar e lhes tirar força.
Exemplo disso mesmo é o facto da extrema-direita mais forte da Europa ser a Frente Nacional de Le Pen, talvez os 15% que o mesmo chegou a atingir numas eleições presidenciais sejam explicáveis pelo facto do seu partido ter visto sempre blindada a sua entrada no parlamento. Os partidos fora do sistema têm sempre uma maior possibilidade de crescimento e o seu radicalismo tende sempre a manter-se, desde o momento em que se integram no sistema do poder, têm sempre muita dificuldade em lidar com ele e acabam por se enfraquecer e moderarem a sua agenda política.
O mesmo fenómeno passou-se em Portugal, desde do momento em que a extrema-direita entrou no jogo partidário através do PNR, os skinheads, salvo raras excepções, deixaram os pequenos delitos de rua e agora dedicam-se a transmitir uma ideia de credibilidade e amadurecimento do movimento.
Com a extrema-esquerda o percurso não foi muito diferente, vejamos por exemplo o Bloco de Esquerda que mudou radicalmente o seu discurso nos últimos anos, tenta captar cada vez mais o seu voto ao centro e abandonou os chavões e a rubra cor comunista, para passar a ter um discurso mais responsável e se deixar tingir pelo verde da ecologia, que aliás serviu de mote a Sá Fernandes nas eleições intercalares em Lisboa - aliás o Dany de que falo também abandonou o maoísmo de 68, para se deixar tingir pelo verde da ecologia e se sentar, há vários mandatos, numa confortável cadeira do parlamento europeu.

1 comentário:

Miguel Madeira disse...

Só uma correcção - o "Danny" não era maoista (os maoistas, nos primeiros dias, até foram contra o Maio de 68).

Cohn-Bendit estava ligado ao Movimento 22 Março e à revista "Rouge et Noir" (não sei se o nome era mesmo este ou era um parecido), que tentavam sintetizar o anarquismo com o marxismo.