Foram mais de 10 000 os portugueses que se deslocaram ao estádio para ver a estreia de Portugal no mundial de rugby em França, a primeira selecção amadora a conseguir este feito, vinda de um país onde a modalidade não é nada apadrinhada, culpa dos governantes, mas também da medíocridade do nosso povo.
Neste estádio a nossa equipa composta por estudantes, advogados, empresários, médicos, publicitários e poucos, ainda muito poucos jogadores profissionais, conseguiu mostrar a sua garra e honrar as cores das camisolas portuguesas. Estes jovens não são alvo de mediatismo, não são idolatrados no seu país e tão pouco conseguem obter rendimentos com o deporto que lhes permitam viver numa bela mansão e ter o último modelo dos carros descapotáveis, talvez por isso demonstrem aquilo que o desporto tem de melhor, ao contrário do que acontece com o futebol.
Estes jovens conseguiram um feito admirável, no entanto não tiveram a honra de ver os seus jogos difundidos em canal aberto, ao contrário do futsal por exemplo que ainda hoje teve a transmissão da supertaça na SIC, a mesma estação que decidiu dedicar 1 minuto por dia, isso mesmo um minuto, à primeira selecção amadora de rugby a conseguir chegar a um mundial, que por acaso até é a portuguesa, prefere no dia do primeiro jogo de Portugal no mundial de rugby transmitir a final da supertaça de futsal.
Estou triste por viver num país que pára para ver um Portugal - Polónia, mas onde ninguém se interessa por uma selecção de rugby que está a competir com os melhores do mundo e por uma selecção de basquetebol que no campeonato europeu está a fazer um percurso brilhante. Fica um apelo para que o povo coloque a mão na consciência e reivindique o fim do provincianismo no nosso país.
4 comentários:
É expressão corrente, no meio dessa esquerda pseudo-intelectual, considerar Portugal como um exemplo de provincianismo e atraso cultural. Talvez, digo eu, resulta da dificuldade em aceitar que cada país tem a sua identidade, a sua cultura. Quanto ao desporto em si, o rugby, é um deporto com uma certa conotação elitista, como o meu amigo deve saber, decerto, o que não cai bem na nossa sociedade portuguesa, nomeadamente na geração pós-25 de Abril que viveu, respirou e sentiu os ideiais da liberdade e igualdade.
Portanto, é de todo normal que um desporto amador como rugby não tenha um impacto ou uma mobilização como outro desporto mais do agrado popular, mas não deixo de deixar aqui expresso o meu apoio e desejo de muito boa-sorte aos "nossos lobos".
Saudações, meu amigo.
Caro André,
Acho que é um defeito que é transversal há maioria da classe política, considerar o nosso país provínciano. O que é triste é que na verdade somos, salvo raras excepções, mesmo provincianos.
O rugby é um desporto elitista, talvez sim talvez não. Elitistas no sentido de ser apreciado maioritariamente por um elite? Concordo. Mas não é elitista do ponto de vista da prática da modalidade, elistista é o futebol que tem ordenados milionários para os seus praticantes.
Quanto à exibição dos jogos da selecção de rugby, continuo a achar que deviam ser transmitidos em sinal aberto, até porque os jovens não elitistas como eu não têm nem SporTV, nem TV Cabo, para os verem.
Um abraço
Caro João, quando se diz elitista, não é por ser apreciado pelas "elites" - é por ser praticado por membros das elites. Veja quem são os jogadores. Veja quem tem jogado ao longo dos muitos anos de rugby em Portugal. Os apelidos não variam muito...
A tourada não deixa de ser um espectáculo popular só por ser praticado por elites e mesmo o rugby não me parece que seja realmente elitista.
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