Não apoiei o Manuel Alegre para secretário-geral do meu partido, posteriormente não fui um dos muitos socialistas que votou nele para PR, pelo contrário, fiz campanha activamente no movimento MP3. No entanto, não posso deixar de ficar triste com mais uma vaga separatista, com mais uma ameaça de saída e com mais uma de muitas birras.
O deputado-poeta é um ícone do meu partido, viveu o PS como poucos, tranformou-o e sempre foi uma voz crítica, mais ou menos alinhada, mais ou menos feroz, mais ou menos fiel - mas esta fidelidade parece começar a desaparecer e mais uma vez o digo: estou triste.
Quem se arroga de defender o socialismo libertário e reformista não deve cruzar os braços, não deve mover-se da ruptura para afirmar um espaço político, bem pelo contrário, deve discutir nos espaços próprios, apresentar alternativas, promover o debate e tentar modificar o aparelho que critica - assim o fazem muitos desalinhados no PS.
Esses sim estão certos e mais uma vez Manuel Alegre erra, citando Pedro Lombra na altura das presidenciais: "Alegre mostrou, para quem quisesse ver, que a sua candidatura nada tem de fresco ou renovador. Quis preencher um espaço, assumindo-se como o candidato anti-sistema, com convicções e independente dos partidos. Mas foi tão oco e pobre nos debates que acabou por não sobrar nada dessa pretensa superioridade em relação ao sistema político. Deixou uma ideia que não o engrandece, a de que, entre Alegre e o sistema, é preferível o sistema".
5 comentários:
Faço um comentário semelhante ao que deixei sobre o texto do Brecht (ver acima): preocupante é um "histórico do partido", que já o conhece bem, não sentir que haja abertura de espírito suficiente nem igualdade democrática para que sejam vividas/discutidas/consideradas ideias diferentes dentro do mesmo partido.
Assusta-me o unanimismo (não apenas no PS, mas em todos os partidos). Assusta-me a falta de debate e de confronto de ideias dentro dos partidos, como se cada militante alienasse a sua liberdade de pensar e continuar a produzir ideias, soluções e alternativas. Como se ficasse vinculado e tivesse de defender convictamente todas as imbecilidades (ou desonestidades) que são feitas em nome do seu partido.
Não achei brilhante a campanha nem as ideias trazidas por Manuel Alegre. Mas elogio a coragem e a independência de ser candidato mesmo sem o apoio do partido. Gosto de pluralidade, de debate, de confronto e de variedade de escolha. Acho que fez bem em candidatar-se, se achava que era a melhor escolha para PR! E isso é tudo o que deve ser dito sobre qualquer candidatura (desde a de Manuel Alegre como a de Garcia Pereira): elogie-se a coragem, a independência, a vontade de participar e a convicção de ser a melhor escolha.
Se concordamos, ou não, que ele seja a melhor escolha, isso expressamos no voto... mas incentivemos sempre quem se candidata porque contribui para a democracia! (e esta é a expressão prática e actual da mensagem do Fernando Valle que publicaste acima!!!)
João,
Não concordo que exista unanimismo na nossa vida política, ou se preferires partidária - o que acho é que existe pouca participação dos cidadãos na política e nos partidos e desta forma são sempre os mesmo a mandar, criam-se vícios que são difíceis de combater, é verdade, mas a democracia, até hoje, tem vencido.
O que temos em Manuel Alegre é um camarada, que eu muito preso, tal como a várias pessoas que o lhe são próximo, mas que me vejo obrigado a concluir que está a seguir o caminho mais fácil na sua cruzada: a cisão, o partir para reinar.
O PS tem fóruns de discussão, tem congressos e eleições internas, tem comissões políticas representativas das várias estruturas, onde estão camaradas eleitos pelos votos das bases, em todos estes sítios Manuel Alegre poderia lançar o debate - mas não, mais uma vez opta por romper com tudo aquilo que ele próprio, com muita honra, ajudou a criar - é essa postura que eu critico.
Camarada Alberto Martins
Vi ontem no Telejornal a sua intervenção sobre o Voto de Pesar feito pelo deputado do CDS-PP a propósito dos 100 anos do Regicídio. Gostaria de lhe dizer que discordo com a posição assumida pelo PS, no nosso partido há militantes monárquicos para além de republicanos e há simpatizantes do PS que são monárquicos. No mínimo podiam ter-se abstido da votação mas quiseram ter uma posição que é contra a esmagadora maioria da população portuguesa, o CESOP em 2002 fez uma sondagem onde 75% da população portuguesa condenava abertamento o regicídio. Pode pensar que estava em causa a Questão de Regime, pode pensar à vontade assim mas contradiz por completo os princípios humanistas que fazem parte do património de esquerda do PS. Nenhum ideal político ou religioso tem o direito de tirar a vida a quem quer que seja, ao pactuar com o Regicídio o PS está ao lado do Terrorismo. Gostaria de saber que posição o PS terá se infelizmente houver um ataque da Al-Queda em Portugal ?
Sinceramente é triste especialmente para o PS que se acha herdeiro do legado do Partido Socialista Português de Antero de Quental, o qual em 1909 foi chamado por El-Rei D.Manuel II para negociações a constituir um governo porque El Rei dizia “que o Partido Socialista era o partido que representava melhor a vontade do Povo”, desculpe que lhe diga mas com esta atitude no parlamento o PS traiu o seu legado. À 100 anos o PSP era uma coisa o PRP era outra.
A Casa que vossas excelências frequentam todos os dias antes de ser Assembleia da Republica era a Câmara dos Pares, vocês representam o Povo português e não a republica. Era a vida de um Chefe de Estado Legítimo que tinha sido tirada à 100 anos. Quanto ao 1 de Fevereiro e à legitimidade de D.Carlos, bem sabe que os Reis desde D.Pedro IV até D.Manuel II eram aclamados no Parlamento ou votados pelos deputados ( inclusive os republicanos ). Como o senhor é a favor da rectificação do Tratado de Lisboa pelo Parlamento então reconhece a legitimidade dos Reis Constitucionais de Portugal, o instrumento é o mesmo … O Parlamento.
Quanto à luta pela Liberdade, gostaria de lhe dizer que para além de Monárquico sou Militante Socialista, porque acredito no Estado Forte, na luta pelos mais desfavorecidos e votei favoravelmente a Lei do Aborto embora seja contra a liberalização total. Penso que só isto quê lhe disse me caracteriza como sendo de esquerda, quanto a ser monárquico e patriota a cor política não está em causa.
Na minha família existe uma tradição de mais de 100 anos pela luta pela Liberdade, a minha família também como o senhor é do Porto. Manuel Vilela meu avô esteve na comissão de Honra quando da candidatura de Humberto Delgado, foi preso duas vezes pela PIDE e era monárquico. Durante a 2ª Guerra Mundial prestou serviços aos Serviços Secretos Americanos com um louvor escrito pelo presidente do EUA, hasteava no seu jardim o Porto a Bandeira Americana. Além disso era um fervoroso simpatizante do Partido Democrata. A Luta pela Liberdade não é património do PCP como eles julgam, a luta pela Liberdade também é nossa mas para ela seja válida não pode colidir e nem pode contradizer os princípios da Esquerda Democrática que é frontalmente contra o uso de violência para atingir os seus fins.
Obrigado pela atenção
Rui Monteiro
Militante do PS nº34045
p.s. : Esta Carta é Aberta
Gostaria de acrescentar que Manuel Alegre é a favor de um referendo sobre a questão de regime e mais sugeriu que mudassem o protocolo de estado para acomodar a família Real Portuguesa. É um homem de bom censo porque respeita o passado da família dele, não fosse ele sobrinho do Conde de Águeda e vinda de uma Família Aristocrática :) Não sabia ? LOL
Pena é que o nosso Partido Socialista cada vez mais está a perder votos para o PCP e principalmente para o BE.
Camarada,
Já havia lido a sua carta no SomosPortugueses, que me impressionou pela positiva - concordo com o MA e consigo no que concerne à alteração constitucional. Obrigado por ter visitado este blog.
Um abraço
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