domingo, 3 de fevereiro de 2008

D. Carlos I - o diplomata

Não quero com a publicitação deste vídeo difundir qualquer tipo de ideário, cem anos passados desde o regícidio, quero apenas contribuir para o debate sobre a vida e obra do Rei D. Carlos. Quando o faço estou ciente que posso ferir várias susceptibilidades repúblicanas, sendo que muitos continuarão a dizer que o 1º de Dezembro foi um mal necessário - costumamos dizer que a história julga os factos, neste caso ainda não julgou, talvez por isso este seja o primeiro 1º de Dezembro onde há debate.

O Rei D. Carlos foi um homem avançado no seu tempo, rompeu em muito com uma tradição de obscuridade intelectual que afectou vários dos monarcas da nossa história, bem pelo contrário ficou conhecido como um homem das artes, pintor de qualidade reconhecida, um diplomata de, várias vezes referido, reconhecido mérito, que ousou dizer: "vamos sentar Portugal à mesa das nações civilizadas". Deu cartas na área das ciências naturais tendo inclusivé obra publicada sobre esta temática e destacou-se também enquanto amante do mar e da navegação.

Este monarca, no entanto, reinou numa época difícil, arrisco-me a dizer das piores que Portugal já viveu, numa altura de grave crise financeira, do ultimato inglês, do mapa cor-de-rosa em África e em que o anarco-republicanismo se ia movendo nas cerimónias carbonárias e nos cafés de Lisboa. Cometeu um erro, esse sim grave, de legítimar a ditadura de João Franco, talvez aí tenha também legítimado a oposição repúblicana, que concretizou num atentado aquilo que nunca conseguiu fazer nas urnas, onde nunca foi realmente representativa no parlamento.

Defendo que não devemos apagar a história e D. Carlos é uma figura incontornável da mesma, tal como não devemos esconder o 5 de Outubro, tanto o de 1143 como o 1910. Na república também houve heróis e têm que ser louvados e acarinhados pelo seu país - mas lembrar os nossos monarcas, nas suas virtudes e defeitos, como o fiz aqui é uma exigência de patriotismo muito mais importante do que continuarmos a discutir a dictomia República/Monarquia - sobre essa ainda muitas linhas serão escritas.

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